quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Recôndito Impulso


Amadureço

na palavra

que amadurece.

Entre fibras, sangue, desejo,

que intumesce.

No amor

onde cresço, me acresço,

eis a messe.

Nivelar

é navalhar a liberdade.

E viver é longa estrada,

é recôndita vontade

dita e não dita:

vocábulo,

coágulo.

Amadurecer.

Lúcido,

lúdico.

Na maravilha.

Na armadilha.

Amadurecer no âmago.

O âmago amargo.

O amargo âmago, amado.

Amadurecer o âmago armado

do tempo esplêndido da alegria.

Mas também do tempo da amargura

que estraçalha

e desconfia.

Amadurecer.

A áspera saliência e rubra.

A macia maçã

do recôndito impulso.


Lindolf Bell

(do livro “O Código das Águas”)

3 comentários:

  1. Sabe, meu irmão, Lindolf Bell é um poeta catarinense, um dos maiores talentos lá da minha terrinha que, há alguns anos, levou sua poesia para o céu...
    O conheci pessoalmente e ele era uma pessoa linda e um lindo poeta!
    Possuía uma linguagem forte, erudita, contundente.
    E Recôndito Impulso é um dos meus prediletos...
    Então... ai, ai...

    Beijos

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  2. Querida amiga e poetisa Lígia!!!
    Belíssimo texto poético. Gostei mesmo. Meus parabéns!
    Beijos de luz!!!

    POETA CIGANO - 10/08/2010

    www.carlosrimolo.blogspot.com

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