
Ela dormia tranqüila sob as águas,
Nada pedia,
Nada exigia,
Nem mesmo conhecia nada.
Até o dia em que a tiraram dali
E ela pôde ver o sol,
O céu,
Sentir calor.
Foi um instante apenas
Mas custou-lhe a vida.
O fundo do mar não será como outrora,
Traz na carne uma ferida, agora,
Que precisa ocultar.
E na luta insana contra o sofrimento,
No esforço ingente
De voltar a ser feliz,
Sobre a ferida faz nascer a pérola,
Muitos serão ricos,
Alguém será mais bela
E a pobre ostra oculta a cicatriz.
Ah! Se o coração também soubesse
Transformar em gema a dor que nele existe,
O mundo estaria cheio de tesouros
E eu não escreveria uma canção tão triste!
Myrtes Mathias
"Posso escrever os versos mais tristes essa noite. Dizer do amor que tive e que perdi..."
ResponderExcluir"Oh! Amada, amada minha. Mulher que amei e que perdi. De outro, serás de outros, disso eu já sei. Mas, na certa, estes colherão os frutos do solo que semeei, eu."
Pablo Neruda