quinta-feira, 15 de julho de 2010

A Ostra


Ela dormia tranqüila sob as águas,

Nada pedia,

Nada exigia,

Nem mesmo conhecia nada.

Até o dia em que a tiraram dali

E ela pôde ver o sol,

O céu,

Sentir calor.

Foi um instante apenas

Mas custou-lhe a vida.

O fundo do mar não será como outrora,

Traz na carne uma ferida, agora,

Que precisa ocultar.

E na luta insana contra o sofrimento,

No esforço ingente

De voltar a ser feliz,

Sobre a ferida faz nascer a pérola,

Muitos serão ricos,

Alguém será mais bela

E a pobre ostra oculta a cicatriz.

Ah! Se o coração também soubesse

Transformar em gema a dor que nele existe,

O mundo estaria cheio de tesouros

E eu não escreveria uma canção tão triste!


Myrtes Mathias

Um comentário:

  1. "Posso escrever os versos mais tristes essa noite. Dizer do amor que tive e que perdi..."
    "Oh! Amada, amada minha. Mulher que amei e que perdi. De outro, serás de outros, disso eu já sei. Mas, na certa, estes colherão os frutos do solo que semeei, eu."

    Pablo Neruda

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